quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Humahuaca à Cafayate

Nesse dia saímos de Humahuaca, cidadezinha gelada a 3012 m.s.n.m. (metros acima do nível do mar) localizada no extremo norte argentino, com destino final a Cafayate. Aproveitamos a oportunidade para conhecer o caminho de El Carmen (ruta 9). Este trecho liga San Salvador de Jujuy até capital de Salta, de uma altura da rodovia pra frente fica extremamente sinuosa, justamente por costear a montanha e em mata fechada. Você não consegue passar dos 30 km devido ao zigue-zague e a largura da ruta em vários momentos passa apenas “uno por vez” não ultrapassando três metros de largura. Então pra traduzir o significado da placa: quem estava de Uno (fiat) tinha a vez...
A paisagem desse trecho até Salta lembra bastante à região de Joinville e Balneário Camboriú, derrepente pode ser um dos motivos dos argentinos serem tão apaixonados pelo litoral catarinense, além do nosso oceano com águas quentes. Para dar mais um exemplo da pra dizer que é um Parque Nacional do Iguaçu (Cataratas do Iguaçu) em plena montanha e cheio de pequenas curvas. Eu particularmente não gostei por ser muito cansativo e repetitivo, é muita curva. Fiquei mal, não acabava mais, parecia um pesadelo. Logo bateu o arrependimento de não ter descido por Pericó (ruta 34), a outra opção, mais movimentada e comercial.
Mas como era pra matar a curiosidade e conhecer acabamos indo por La Cornisa com também é chamada. Por ali não passo mais. Chegamos a Salta já eram 13h35 e com muito custo encontramos um restaurante descente aberto. Essa região da Argentina é um lugar muito carente desses serviços. De Humahuaca até Cafayate são 430 km, um trecho um tanto quanto longo pra se fazer em um dia ainda mais pra incluir parada para fotos e descanso. Digo que até é possível fazer, só não vai te sobrar muito tempo para contemplar a paisagem tanto da quebrada de Humahuaca quanto Cafayate.
Só a quebrada de Cafayate rendou muitas paradas e fotos, apesar de todas as paradas conseguimos chegar com o por do sol já bastante cansados. Tínhamos reservado pela Internet o Hostel Mirador Del Valle o melhor de todos que ficamos. Tomamos um banho e apesar da exaustão resolvemos dar uma volta a pé pelos arredores da praça central da cidade, local do agito noturno da cidade com barzinhos, feirinha, igreja principal etc. O lugar estava cheio de turistas gringos, aliás, onde encontrei pela quinta vez um senhor polonês que havia conhecido em Salta tirando fotos da Igreja localizada na praça central há uns três dias atrás, que segundo ele, aposentado estava fazendo viagens pelo mundo e até o final de 2012 queria conhecer
os principais pontos da América do Sul inclusive Ushuaia (tirerra del fuego) e o Brasil depois outros continentes, eu acho que ele ta meio sem grana. Aproveitando que citei o polonês um dia depois de conhecê-lo, já no caminho a Purmamarca e Humahuaca mais precisamente em San Antonio de Los Cobres o vi almoçando na mesa ao lado, junto com sua turma de turistas no mesmo restaurante do ensopado de lhama. Algumas horas depois pra minha surpresa a uns 70 km dali encontrei ele denovo parado no meio do deserto rindo e tirando fotos com a turma de turistas de sua van. Quando me viu ficou arisco, às vezes me olhava de canto com ar bastante desconfiado, como se perguntando, mas esse cara denovo??? Pra acabar com nossa superficial amizade depois de rodarmos por quase toda praça de Cafayate, quem estava sentado numa mesa com outros senhores? O polonês novamente, ai quem se sentiu mal fomos nós. Rodamos mais um pouco e fomos descansar porque no outro dia cedo tínhamos que chegar até Tinogasta na Catamarca. Cafayate merecia mais um dia, apesar de ser um lugar isolado meio monótono da vontade de voltar. No outro dia cedo arrumamos as coisas tomamos um café até que razoável no Hostel e pegamos a saída pra Santa Maria,
a próxima cidadezinha em sentido a província de Catamarca. Mesmo com GPS e mapas acabamos nos perdendo, onde deveríamos entrar a esquerda como não tinham placas esclarecedoras seguimos reto, nessa perdemos 40km e uma hora de viagem. Existem muitos cruzamentos sem indicações e em vários locais não deu sinal para o GPS. Com a extrema sensação de que estávamos perdidos resolvemos parar num posto policial próximo a um vilarejo logo depois de Santa Maria. Quem veio fiscalizar o carro foi um Rottweiler que cobria os folguistas. O xerife meteu a cabeça dentro do carrão e fiscalizou todos os detalhes possíveis, principalmente itens alimentícios. Confira outras fotos da quebrada de Humahuaca e Cafayate no tópico do mês de janeiro a direita do blog.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Laguna verde (Chile)

Nessa altura da viagem dava pra sentir que já estávamos bem longe de casa. Um dos principais atrativos do trajeto fica no meio do deserto mais alto do mundo. Praticamente na faixa da codilheira dentro do território chileno, quando você pensa que já viu tudo surge derrepente um brilho azul no horizonte. De longe uma cor vibrante e de perto alucinantes águas transparentes. É a bela Laguna Verde. Também no deserto de Atacama, no sul da Bolívia divisa com a Argentina tem outra que chamam do mesmo nome. Tudo no deserto parece ser pequeno e estar perto justamente por você não ter referência (escala). De longe ela parecia pequena e estar bem próximo mas quando chegamos perto provou ser gigante e estar bem mais longe do que imaginávamos. A mais de 4395 metros sobre o nível do mar e rodeada de imensos vulcões ela enfeita o deserto com sua água gelada e salgada ilhada por solo arenoso composto por ácido sulfúrico e demais minérios que eu não faço ideia quais sejam, provavelmente oriundos de erupção local. Tanto é forte a composição do solo desse local que numa dessas vontades de sacar fotos acabei afundando todo calçado numa parte que estava mais fofa.
Até o momento tudo bem tirei meu “democrata” e removendo a palmilha sacudi de forma a extrair o excesso daquele solo áspero e esquisito. Na hora apenas percebi uma secura nos pés, mas no outro dia a pamilha estava completamente retorcida de forma que não tinha mais jeito de recuperá-la. Por essa simples experiência da pra gente ter noção do que tem por aqui, do poder mineral da região. Ah, uma pergunta que eu sempre me fazia antes de parar e desligar o carro era: e se não pegar mais ??? No meio do nada e de ninguém caso ocorresse algum problema mecânico realmente não tinha muito o que fazer a não ser esperar pela ajuda de algum maluco que estivesse passando por ali e em pleno dia 31 de dezembro de 2011.
E pra potencializar o medo o marcador do combustível já estava biruta a horas. A bruxa (luz laranja) a ascendia de vez e outra. Imagino que devido a altitude e variação de pressão ele não conseguia marcar corretamente. Horas marcava ¾ derrepente ¼ . A unica forma de acompanhar era pela kilometragem rodada, mas era e não era porque a gente sabe que o consumo do veículo oscila muito nessas condições. Não tinhamos certeza da quantidade de gasolina no tanque, a certeza que se tinha era de ter completado no posto em Fiambalá, a última cidade provida de posto de gasolina antes de vir pra cá, pra quem vem pela Argentina. A direita do Blog no mês de janeiro estão postadas mais fotos da Laguna.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Salta à San Antônio de Los Cobres

Se você vier a Salta não deixe de conhecer o caminho que leva até San Antonio de Los Cobres, uma pequena cidade que está situada em cima da cordilheira dos Andes a 3.800 m.s.n.m. Com essa altitude a cidade é uma das mais altas do país, então imagine o vento gelado que varre a cidade tanto no inverno quanto no verão. È possível de vir de carro ou com o famoso “trem de lãs nubes” que você pega em Salta. De carro se tem a autonomia de parar a qualquer momento para fotos apreciação ou mesmo relaxar. A cidade vive da tecelagem de lã de lhamas, mas tem sua economia baseada na extração de minérios com ênfase ao cobre. Nesse trajeto concerteza verá bastante lhamas e até guanacos mais lá em cima próximo as salinas grandes. Os traços do povo daqui também são extremamente semelhantes com os bolivianos ou peruanos.
Quando vindo de salta chegando a San Antonio de Los Cobres temos duas opções de caminhos para chegar a Purmamarca a EXRN40 ou à ruta 52. No verão fique atento as chuvas e tempestades onde é comum a interdição dessas estradas. Decidimos ir pela EXRN40 qual passa pelas salinas grandes, mas da pra ir pela conhecida ruta40 ambos os estradões são de areia. Saindo cedo de Salta voce chega para o almoço. Procuramos um restaurante e optamos por um ensopado de carne de lhama, um prato típico ali do lugar servido a turistas. O mais bonito desse trajeto é a paisagem de Salta até chegar próximo a San Antonio, pela rodovia da pra ver as pontes onde passam o trem e depois que você pega a ruta 52 a partir das salinas grandes até Humahuaca a paisagem também é muito interessante. Nesse dia levamos azar de pegar mal tempo com uma tempestade próximo a Purmamarca até porque janeiro é o inverninho no norte andino que eles falam então chove muito.
Por um barbante não cai uma pedra maior que uma jaca que rolou da montanha e passou a menos de um metro do carro, também próximo a Purmamarca. Se chegasse a acertar o carro ali terminava nossa viagem, foi por pouco. Então tome muito cuidado se passar por aqui no verão com chuvas. Vale lembrar também que por aqui não tem posto de combustíveis com exceção de um na cidade de San Antonio,sendo assim procure sempre encher o tanque quando possível porque mesmo que encontre posto é possível que não tenha nafta. Caso queira ver mais fotos deste trajeto que sai de Salta-capital passa por San Antonio até as salinas grandes acesse o tópico "San Antonio de Los Cobres" no mês de janeiro à direita do Blog.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Nós e o Rali Dakar 2012 no Atacama

Levamos sorte de estar na região bem na época da edição 2012 do Rali Dakar. Infelizmente por uma questão de dia específico não tivemos sorte de cruzar pelos carros de competição no deserto, até porque eles traçam uma rota alternativa semi paralela a que os automóveis de passeio cruzam justamente para evitar interdições e acidentes. Encontramos alguns pilotos apenas na cidade de Tinogasta e La Rioja ambas na Argentina, inclusive no mesmo hotel que ficamos em La Rioja estiveram alguns pilotos alojados com aqueles quadriciculos esquisitões de competição. Esta edição do Rali teve largada a partir de Mar Del Plata na Argentina dia 1º de janeiro de 2012 e pela primeira vez com destino final o Peru . Veja no mapa ao lado o trajeto percorrido pelos pilotos e perceba que sempre é dada ênfase nas regiões de montanhas e desertos.
Da pra dizer que 90% do percurso foi em cima da Cordilheira dos Andes. Categorias divididas entre motocicletas, quadriciculos, caminhões e automóveis onde em nenhuma das categorias teve brasileiro como colocado. Quanto à inclusão do Brasil no roteiro, denovo não foi desta vez, acredito que a organização do evento não tem muito interesse pela geografia do Brasil ou sei lá talvez por outros motivos. Dentre as cidades que cruzamos pelo Rali estão Fiambalá (Argetina), San Juan (Argentina), e Copiapó no Chile. Infelizmente esta edição marcou luto com a morte de um motociclista argentino participante do rali registrando o trágico 21º acidente fatal na história da competição. A maioria dos ganhadores entre as categorias foram os franceses e um argentino.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Paso San Francisco

A passagen fronteriça chamada de San Francisco compreendida entre a divisa noroeste da Argentina com o Chile é dona das mais belas paisagens da faixa dos Andes. Mais conhecida como região do Deserto de Atacama. Paisagens singulares que merecem ser vistas e apreciadas pessoalmente, pois o que você vê nas fotos e acha bonito eu te garanto que não chega a 10% do que se sente de estar pessoalmente neste local. A sensação do nada, do silêncio soprado pelo vento forte, fresco e seco típico dos Andes acompanhado da altitude de 4748 m.s.n.m. é ímpar. Para completar você fica exposto as mais belas paisagens consequente de derrames vulcânicos e coberta com a vegetação amarela de Atacama, aquele capim de bode que cobre a região seca do deserto e que sobrevive apenas da umidade do orvalho e ou da neve derretida. O lugar é muito e digo que aprimora consideravelmente seu raciocínio.
A rodovia que corta essa travessia é a rota nacional RN 60 (solo argentino), bem pavimentada e marcante, você passa pelo vale do Chaschuil, na verdade no local não tem nada simplesmente é localizado num vale profundo, delimitado por montanhas que ultrapassam facilmente os 5000 m.s.n.m.. A mesma rodovia, mas em solo chileno muda o nome para ruta CH-31 e atenção é rípio bem dizer em todo solo chileno, se você não deseja pegar cascalho, não aconselho a vir pra cá. É uma estrada de razoável trafego, tem locais que não da pra passar dos 30km /hora. O Chile começou a asfaltar seu lado agora, você vai passar por pequenos trechos semi pavimentados e por máquinas em pleno deserto.
Essa parte do passo é rodeada por impressionantes vulcões “desativados” e vários picos nevados inclusive o pico nevado mais marcante na travessia, aliás, nevado de verão a inverno o vulcão Ojos del Salado (6.879 m.s.n.m.), o mais popular da região, quando você vem sentido argentina-chile o acesso para chegar até ele fica a sua esquerda mas da rodovia já da pra se ter noção de sua dimensão e autoridade. No lado Argentino existem abrigos em intervalos, que vale a pena você visitar, tenho certeza que você também vai cruzar por várias manadas de vicunhas, animais típicos dessa região, que grosseiramente da pra dizer que parece uma mistura de camelo com carneiro.
Quanto ao clima daqui conversando com um funcionário da aduana argentina esse me contou que no inverno a temperatura ali chega a – 25 ºC, frio pra congelar os dentes, não foi nosso caso, pois passamos em janeiro, mas mesmo que de longe foi possível ver neve já caída. Apesar de pegar alguns trechos de rípio e até atravessar rios em meio à rodovia (próximo a cidadezinha de Belen) da pra dizer que valeu e muito a pena ter conhecido esse fantástico lugar. Confira muito mais fotos do paso ao lado direito do blog no mês de janeiro.